terça-feira, 26 de maio de 2015

Quando a Infância é negligenciada...


Andei afastada do blogue Eu ratavA, tinha o profissional, mas como rato esfomeado, ontem, veio-me uma vontade louca e incontrolável de ratar, ratar... Vi na TVI, a reportagem especial "Cidadãos de Segunda"!!...
A realidade é bem mais cruel e trágica do que o referido... Não há vontade política, social, económica, educacional... Saúde e educação são despesas e não investimentos, meros números e estatísticas!?
No quotidiano, não se promove o sucesso escolar, mas o contrário, por medo, necessidade do salário, negligencia, mediocridade, facilitismo, incompetência... Individual e colectivamente (não aderi ao AO), somos responsáveis pelo caminho caótico que percorremos para o futuro...
O sistema castra vontades e possibilidades, os agrupamentos fomentam o medo na mira da excelência, de avaliações falsamente fantásticas e, os docentes, na grande maioria, não são educadores por vocação, mas sim por profissão.
Em 36 de serviço, não vi inclusão real, os recursos humanos e técnicos são desperdiçados ou mal rentabilizados, não se faz trabalho colaborativo, não existe fio condutor de comportamentos e atitudes pedagógicas ou intencionalidade educativa... Predomina a massificação, o mesmo para todos, a ritmos iguais, como se crianças e alunos nascessem formatados... Poucos escutam Agostinho Ribeiro, afirmando a importância de "colocar o funil ao contrário", alargando possibilidades, caminhos, alternativas...
A Educação é um umbigo gigante, em que cada um se massaja a seu belo prazer e, quem não o faz, sujeita-se a retaliações, ameaças, frustrações, penalizações, ou... Desiste!
Na Educação Especial, o cenário é tétrico, porque não basta o drama psicológico de ter um filho com problemas, como ainda é necessário suportar a falha, ausência ou disfunção dos apoios especializados.
Ainda que com tristeza, a intervenção da Drª Maria João Pereira, pedopsiquiatra no Hospital Magalhães Lemos, veio consolidar o que afirmo há anos: estamos a produzir psicopatas, por falta de responsabilidade e responsabilização.
Sem apoios e investimento sustentável e estruturado, como fomentar a auto-regulação, noção de certo e errado, valores e princípios nas crianças com dificuldades/limitações específicas, se, nas ditas normais, é o fracasso constatado diariamente nas noticias (fora o que não é noticiado!).
Somos um país NEE e, a continuar o descalabro geral, não vamos conseguir subsídios que nos recuperem!!...

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