quarta-feira, 20 de abril de 2011

HOMENS ABOMINÁVEIS...

Flores para trastes não existem... Talvez uns cardos ou cactos, mas não disponho de fotografias...

Neste mundo de cegos, existe um homem, para mim abominável!!... Quem me dera, surgir do entendimento e compreensão, uma mulher, forte e corajosa, com olhos de ver mundo, que lhe abrisse a garganta com uma tesoura (a mim falta-me a oportunidade e possibilidade de escapar impune)!... Nojento, predador, sabujo... Como o cego da pistola, o chefe da camarata inominável...
Lembra-me o meu ex marido: verborreia estéril e demagogia árida... De sofisma em sofisma, estrangulam, aniquilam, castram, atrofiam... Homens malvados, tortuosos, cegos de visão e entendimento...
Intelectualmente masturbam-se com frases feitas, floreadas, ocas, ejaculam prepotência, arrogância, egoísmo... Consultam o espelho, mas apenas se ouvem a si mesmos: "és o maior, único, fantástico!"...
O meu ex não passa de um mísero galito, que abre feridas aqui e acolá... O outro, o mais cego ainda, o que controla a camarata, é muito mais nefasto e perigoso, porque alastra a cegueira, contamina os corredores alheios, vitimizando inocentes, que em vão tentam escapar de tão horrenda cegueira... Difícil fugir desta concupiscência humana, social, política e até cultural!...
Mesmo de quarentena, a contaminação prolifera, convulsa, violenta, enrodilhando tudo e todos...
Homens de mentes inconsistentes e implausíveis!...
"Se podes olhar, vê. Se podes ver repara" - Livro dos Conselhos

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Saber esperar e segredos de juventude...



Relaxando na minha horta, olho as flores, divago e penso nas crianças... Uma das competências que devem adquirir: saber esperar!... Com o exemplo de quem?... É tudo para ontem, sem esperar, saborear, ansiar, imaginar, desejar... Existe um tempo (apesar da relatividade) para tudo: conceber, germinar, nascer, crescer, amadurecer...
Um amigo meu, um dia destes, falava com a filha que foi para Miami, fazer a tese de mestrado, através da Web Cam e, fez uma afirmação digna de análise: "filha com as novas tecnologias, nem chego a criar saudades, que é uma coisa tão portuguesa"...
Pois não!!... É bom ou mau?!... Honestamente, nem sei, mas ficou-me a afirmação a teclar os neurónios... Ensinamos aos meninos a importância de saber esperar, mas eles, constatam nos adultos, a ausência deste ensinamento.
A minha filha, por não saber esperar (ela não gosta deste comentário), viu-se obrigada a uma cesariana... Podia ter que ser, mas com um pouco mais de tempo, o meu neto podia talvez, ter nascido de parto natural!!... Para ela foi uma lição, porque perdeu as dores, mas igualmente o momento mágico do nascimento!...
Com a velhice, anseio cada vez menos e saboreio cada vez mais... Com intensidade, menos ansiedade (e ansiolíticos), a vida, apesar de todas as dores, pode ser mais colorida...

Não há muito tempo, numa das últimas reuniões de departamento, a Fernanda, disse que eu devia ceder o segredo da minha "juventude"!... Fiz uma lista:
Saber esperar - desde que nasci, que espero melhores dias, todos os dias...
Ausência de despeito/inveja - quando morrer, levo unicamente memórias e marcas no cérebro e no coração...
Honestidade/integridade - porquê e para quê enganar os outros e, menos ainda, a mim mesma?!...
Alegria/bom-humor - o riso e as gargalhadas são o melhor antídoto para as contrariedades, sofrimento, mazelas...
Partilha/solidariedade - se posso ajudar, aconchegar, afagar, porque não o fazer?...
Humildade/gratidão - grata por tudo (positivo e negativo) que a vida me tem oferecido (e eu escolhido); humilde, porque no Universo, mais não sou do que uma mísera nano-partícula...
Exercício físico/alma Avatar - a Natureza é Deus: inteligente, poderosa, misteriosa, magnânima, implacável...
Loucura, muita loucura/defeitos assumidos - segredos que partilho com as pessoas que habitam o salão principal do meu coração...
Amar - dizer/ mostrar diariamente aos outros, o quanto são importantes e decisivos na minha existência...
Coragem - olhar o espelho e ouvir "girassol, girassol, o que já foste e o que estás!...



segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sou avó...



Ser avó é acordar com sol todos os dias, mesmo quando chove e o Inverno deprime...

Sou uma avó orgulhosa (como todas), do neto que a recebe de braços abertos, sorriso babado, andar vacilante, olhar confiante... Um neto que, com o 1º ano, iniciou o seu calendário de aniversários... Pelas reacções, considero que o M. gosta da avó louca, que se emborrachou no seu primeiro aniversário, soltou palavrões inofensivos, exorcizando fantasmas (a Joana, aquela puta querida), peidou-se involuntariamente (a Joana não a denunciou), gargalhou até a cerveja a tolher!...
Uma avó primitiva, selvagem, que adora Rock, nada sabe de dança, mas que deixa os pés e o corpo vaguearem por paisagens inventadas no ritmo e auto-descoberta...
Uma avó que se encaixa nos mais variados contextos, explora e goza o improviso, o inesperado, o desconhecido, a diversidade, a surpresa, como plataforma de inclusão/reflexão de todos os encontros e desencontros que povoaram a sua existência..
Uma avó que investe na espiritualidade e afectividade, em detrimento dos paradigmas obsoletos e estéreis que sufocam e castram a nossa sociedade...
Uma avó que pergunta:
A um velho, deixou de ser permitido fazer determinadas coisas, porque o corpo o limita, ou porque a sociedade não vê com bons olhos, certos comportamentos em idades avançadas (dança e sexo, por exemplo)?... Os idosos são renegados, porque não acompanham o desenvolvimento tecnológico desenfreado, ou porque valorizam princípios e normas fora de moda?...
Uma avó que acredita na verdade que prevalece, talvez: o medo de encarar a nossa finitude... Ser velho é ter a morte ali tão perto!...
Desenganem-se!... Ser velho é abrir a consciência do efémero vivido... É a certeza de travessias conseguidas, a presença materializada da incógnita da partida... Quando se nasce, é a morte que nos enlaça, só não sabemos , quando acontece o desenlace!...
Uma avó com duas idades (ser velho é isso): a do corpo e a da mente e, a certeza (uma fragilidade), de precisarmos sempre uns dos outros, para podermos ser nós, consciencializando a nossa individualidade...
Uma avó que ama o neto pequenino, o olha como uma paisagem desconhecida, mas fascinante, o aperta em frenesins canibais, o curte e espera como uma música envolvente...

Estou a perder juventude ou a ganhar idade?!...



Por muito singela e despretensiosa que seja uma flor, é divina...

Já espreita o dia 7 de Abril e mais um ano!... Continuo a perder juventude e a ganhar idade... 54 anos, são uma bela soma, abençoada pela Mãe Natureza!... Pelo que vejo e adivinho, estou muito bem, sem tratamentos de beleza enganadores e, igualmente, provisórios... Cada cabelo branco, cada ruga, é um marcador das muitas histórias de vida que fui construindo, partilhando, assistindo, representando... Inexorável e implacável o tempo passou, depositando marcas por todo o corpo: sinais, artroses, joanetes, calos, flacidez, dores diversas... Honestamente, não apresento muitas queixas, talvez, porque a alma se mantém jovem e louca, o coração aberto e apaixonado, o cérebro (apesar das falhas) ousado e interventivo... Encontro muitos jovens velhos e gastos, que me olham como excêntrica e despropositada!... Nunca obedeci a paradigmas, caminhei à margem de normas, usando linguagens incomuns... Continuo a juntar energia com sabedoria e a sobrevalorizar o mundo dos afectos e das coisas simples e despretensiosas... Aprendi a pensar a o envelhecimento como um investimento, experimentando sonhos frustrados e objectivos concretizados, transformando o passar do tempo em novas melodias, cadências, movimentos...
A beleza jovem extinguiu-se, mas ficou-me este olhar por mim e pelos outros, como se criança ainda fosse: curiosa, interessada, participativa, bem humorada, , receptiva... Olhos de ver o mundo, mãos de acariciar gargalhadas, boca de babar e sussurrar palavras divertidas, ouvidos atentos aos ecos da memória, nariz farejando a descoberta e a pele!... A pele sempre em sobressalto por uma carícia!!...
54 anos de medos e alegrias, aventuras e desventuras, histórias esquecidas e relembradas, segredos e badalações, lágrimas e sorrisos...
54 anos com muito por fazer!... Embalada pelo poema de Jorge Luís Borges, se viver até aos 85 anos, vou continuar a refinar e promover a minha diferença... Dói, mas vale a pena constatar que não abraçámos a mediocridade, por ser o caminho menos tortuoso e de mais fácil acesso...

domingo, 20 de março de 2011

Não me preocupar?... Um impossível...



Neste pélago desbragado em que se encontra Portugal, surgem 365 propostas, ideias, possibilidades, hipóteses, alternativas... Para salvar o país?!... Ditadas, paridas, sustentadas, defendidas, aplaudidas, por um grupo de gestores, empresários, homens da banca e das finanças... Para salvar o país?!...
A curto prazo, algumas dessas medidas seriam plausíveis, mas a médio e longo prazo, um país resume-se a medidas/estratégias económicas e financeiras?!... Os alicerces, as fundações de um país, não deveriam começar no berço, na formação pessoal e social, apostando igualmente na formação científica e cívica ao longo da vida?...
Dói-me a ausência de valores democráticos, pesa-me a inexistência de cidadania, desencanta-me a aridez dos afectos... Talvez viva e acredite numa utopia, porque constato um hiato desastroso entre o praticado e, o que considero deveras desejável e sustentável... Prefiro morrer a embarcar no batelão da mediocridade e do salve-se quem puder!...

Líbia, Kadhafi, ditadura, asfixia de um povo, com a longevidade de 45 anos e a conivência de todos!... Agora os porcos, tentam mudar de pia e de lavagem, sacudindo a porcaria que ajudaram a solidificar durante anos?... Não é em vão que o petróleo é viscoso, fétido, escorregadio, explosivo!... Médio Oriente um barril de pólvora, alimentado a petróleo...

Japão... A vaidade, prepotência e arrogância humana, vexada e destruída pela Mãe Natureza... O Japão é só uma das maiores potências económicas do mundo, preparada para abalos sísmicos e depois?... No regaço da Mãe Natureza, não há diferenças e existe equidade: um sismo no Haiti, um tsunami no Japão... Os homens, míseros átomos, insignificantes moléculas face ao real poder da Natureza!... Como qualquer mãe, a Natureza tem limites, passa-se, cansa-se dos disparates filiais e açoita desalmadamente, até ao exagero... É uma mãe bué de velha, experiente, poderosa, implacável...
Uma vez mais, um governo, dita o sofrimento e a desgraça do povo, que se manifesta nas ruas de Tóquio, contra as centrais nucleares e o desastre eminente e catastrófico...
Os homens não aprendem!... Chernobyl, nada ensinou?...
Não basta o risco constante e quase diário, que o Japão enfrenta face à Mãe Natureza?... Claro que não, importante são os benditos interesses económicos!...



quarta-feira, 16 de março de 2011

Flores para Anna Mouritzsen...



Morreu uma das pessoas mais especiais que cruzaram a minha existência... Anna Mouritzsen, já velha , quando a conheci, irradiava alegria, ternura, concórdia, serenidade... O cabelo branco de neve, o andar trôpego da idade, a fala presa numa qualquer deficiência (não sei dinamarquês, mas notava), o sorriso envolvente, o gesto apelativo... Anna recebeu-me de braços abertos, aquando da minha 1ª visita à Dinamarca, num aconchego de amiga intemporal... Não falávamos nenhuma língua comum, mas Anna Mouritzsen segurava a minha mão com ternura e falava, falava, eu deduzia, respondia em português ou inglês e a comunicação era magia!... No último Verão que passei com ela, no banco das "Mules", de copo na mão e gargalhadas soltas no entardecer, o Jan veio perguntar de que falávamos, num desafio... Uma em português e a outra em dinamarquês, confirmámos a sintonia perfeita da nossa conversa e curtição...
Adeus Anna Mouritzsen... É com música e vinho que me despeço de ti... Também com lágrimas que solto neste momento nosso... Vou ter saudades... Ouves estas músicas?... I see you do filme Avatar e Ever the rainbow daquele sul americano que já morreu?... Até aqui a sintonia é perfeita entre nós!... O teu corpo foi-se, mas o teu espírito era disto que gostava e disto vai continuar a gostar: ternura, amizade, convívio, bom-senso, alegria, empatia...
Comunicação era o que acontecia entre nós (como entre mim e os putos em Macau) e que os entendidos deviam estudar e compreender: comunicar é magia!... Tu, eu, os gestos, o olhar, o sorrir, o pulsar do coração, os sincronismos cerebrais...
Obrigada por teres ajudado a confirmar que comunicar é, essencialmente, linguagem do coração, que se serve de diversas estratégias para estabelecer interacção e criar relação... Nunca leste Pessoa, mas sabias "pensar com as emoções e sentir com o pensamento"...
Adeus ao teu corpo, que me permitiu visualizar a tua esplêndida alma...
Descansa em paz e, um dia, quem sabe, os nossos espíritos vão voltar-se a abraçar...
Até sempre Anna Mouritzsen!...

quinta-feira, 10 de março de 2011

Retratos falados de mim e sobre mim...



Em dias de incógnita, duvida, incerteza, desencanto, pego em registos, folheio memórias e, pelas palavras dos meninos, ganho coragem para não desistir de mim e continuar a acreditar nos outros... Os putos sabem ler as pessoas e, através dos retratos feitos de palavras, vejo-me e revejo-me neste caminho para o envelhecimento físico... A alma, o coração, o cérebro, o ser e estar continuam sem idade...
Em 93/94 - "Gostámos da Pal, foi muito boa, ela trouxe muitas vezes o David e ele é muito amigo. O David é muito giro, mas parte tudo. A Pal não nos deixa ir para o recreio sozinhos, não nos deixa ir para cima das árvores e das flores e não nos deixa ir para o lado da escola primária. Costuma trazer coisas para a escola para a gente partir e, depois, compra mais... É muito amiga, mas, às vezes, é má, porque não deixa ir para o quarto de banho pintar-nos... É muito linda, muito vaidosa, usa sempre brincos, é namorada do marido, faltam-lhe alguns dentes... Tem roupa vaidosa e está sempre a rir"...
Em 95/96 - "A Pal tem cabelo preto, vem sempre à escola, vem tomar conta dos meninos... Tem brincos grandes e umas pernas também grandes. Usa pulseiras. De tarde vai para casa comer. A Pal faz cartas para levar ao correio, porque este ano é inteligente (directora)... Quando está com os meninos está alegre e contente, mas às vezes, zanga-se, quando os meninos se portam mal e gastam a paciência dela... Tem a cara cheia de sinais (sardas), é boa senhora e é muito amiga. É muito boa educadora e bebe café... Gostamos da Pal e das batas dela"...
Em 96/97 - "Gostamos de ti, porque és uma professora boa. Estás linda e tens uma roupa e uns sapatos altos muito lindos...Também tens uma cara muito linda e um cabelo lindo. És maluca, porque nós rimos muito contigo e estás sempre a rir. Também és uma roliça, custódia, velha, simpática e amiga"...
Em 97/98 - "A Pal é muito bonita, simpática, boa amiga, mas quando a gente se porta mal ela põe de castigo a pensar. Agora tem o cabelo encaracolado e um colar muito giro e vermelho que até brilha... As batas são giras, são diferentes. Tem sapatos de salto alto e relógios muito giros, um de cada cor. A Pal é boa, muito educada e também anda de balancé... senta-se nos cavalos, conta histórias e gostamos dela"...
"A Pal brinca com a gente... Gostamos dela, porque é muito gira, é linda e simpática. Gosta muito dos meninos, é muito amiga. Os meninos gostam de fazer tranças à Pal... Às vezes, oferecemos flores a ela... A Pal não deixa lutar, nem dar pontapés, nem atirar areia e pedras. Gostamos da roupa dela"...
Em 99/2000 - "A Pal é gira, tem brincos, gosta muito de relógios, tem muitos sapatos, usa roupa bonita, tem sapatos de salto alto... O cabelo é preto e pequenito... É "meio cabelo". É muito alegre, brinca muito, gosta de flores... Ri muito, mas às vezes, fica triste com os meninos, quando se portam mal... Dá beijinhos na boca ao marido, porque no casamento dá-se sempre. Compra coisas novas para a escola. gostamos muito dela, porque chora e ri e faz asneiras, troca as coisas, baralha-se... É muito engraçada, muito querida"...
Em 2000/2001 - "A Pal é linda, tem sapatos lindos, é simpática, os olhos castanhos e cabelos pretos e alguns brancos... brinca na casinha e nos outros sítios com os meninos; compra brinquedos e os garotos estragam e partem tudo... É alegre e quer estar feliz, por isso, não gosta que os meninos rasguem os livros e se portem mal, para não a fazerem consumir. Tem calças lindas, gostamos de estar com ela, porque tem cabelos lindos e gosta de brincar. A Pal é amiga. Tem o cérebro "explodido", é baralhada, mas gostamos do cérebro dela"...
Em 2001/2002 - "A Pal é linda, põe os meninos de castigo, quando se portam mal, é fixe, tem umas piadas todas giras, conversa com a gente. Usa uma bata sempre igual, horrorosa. Tem cabelo aos caracóis (estão um bocadito foleiros) e olhos castanhos. É magra e tem um cérebro bem pensadinho. Tem umas pestanas giras. Já é velha, porque tem 45 anos. Gostamos dela e ela gosta de brincar com os meninos e de conversar com eles. Quando não está zangada ri-se muito"...
Em 2002/2003 - "A Pal usa uma bata feia, mas tem uma muito gira com desenhos atrás. Tem olhos castanhos, cabelos aos caracóis, usa colares, tem muitos sapatos, é linda... Brinca muito connosco, ajuda-nos a arrumar. Gostamos de ir com ela à piscina e queremos todos dar a mão... Quando se zanga fica com uma "coisa", um nó no pescoço e fica rouca. A gente ri-se muito com ela. gostamos de estar com a Pal e vamos ter saudades"...
Em 2006/2007 - "A Pal é simpática, linda, bonita, manda em nós, é muito amiguinha, deixa-nos ir lá para fora, brinca connosco... Porta-se bem e mal, faz trabalhos connosco, às vezes; dá chutos na bola, dá beijinhos, ajuda a pintar e a fazer as fichas"...
Em 2007/2008 - "A Pal é linda, é muito amiga e sabe muito bem escrever. É amável, simpática, mas mete de castigo, quando nos portamos mal. Também nos mete a fazer fichas e manda-nos ir lá para fora. A Pal anda sempre a dizer:" brincar é a brincar, mas a sério é a sério"... Ajuda a arrumar, a pintar e lê histórias. Trabalha connosco e ajuda a fazer as fichas. Deixa ver livros, manda-nos assinar e deixa-nos brincar. É fixe e gostamos dela. É cabeluda, dá leite de pacotes e tem uma bata gira. Às vezes, deixa a Ermelinda mandar. A Pal é amada e gosta muito de flores que nós lhe damos. Tem sapatos lindos. Faz coisas com os meninos, faz actividades e experiências. podia ser uma princesa se tivesse um vestido e uns sapatos de brilhantes e uma coroa"...
Em 2008/2009 - "A Pal tem cabelos pretos, castanhos, vermelhos e brancos... è bonita, tola e grita com os meninos, porque nos portamos tão mal, que ela fica com os cabelos em pé... Tem rugas, sinais e vai na carrinha para a Ludoteca. Anda de bicicleta... Ri-se e brinca... Tem chumbo nos dentes... Tem muitas ideias e muitos livros... É carneiiiiira!... O signo dela é Carneiro... Ela era a Julieta do Pedro, que era o Romeu e namoravam"...
Já me apetece continuar a viver!... É consensual: sou simpática, amiga, divertida, diferente (maluca)... Quantas pessoas terão o privilégio de durante anos, ser retratadas de forma tão ternurenta, por júris tão implacáveis como são os meninos!...

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Retalhos ao desbarato...


Porquê flores e sempre flores?... Ninguém perguntou, mas vou responder... Simplesmente, porque são perfeitas (também gosto da Super Bock)... Lindas e inspiradoras, singelas e complexas, coloridas e variadas, com e sem perfume, mágicas e com segredos, interiores e exteriores, para todos os gostos e... Mesmo quem não gosta de flores, não se atreve a colocar em duvida a sua beleza!...

Num dia já pertença de ontem, a ver um programa (mais um) sobre a origem do Planeta Terra, fiquei fascinada e emocionada!... Depois de impactos brutais, temperaturas demoníacas, aglomerados de bactérias unicelulares, como cogumelos tortuosos e deformados, em conjunto com a água, produziam comida (glucose), durante o processo libertavam oxigénio e... Milhões e milhões de anos depois, aqui estou eu... Como é possível, que milhares de filhos da puta, em décadas, quase tenham destruído o que demorou eternidades a desenvolver-se... Sobretudo, depois da revolução industrial, a ganância, egoísmo, intolerância, despotismo, levaram a obra prima da natureza (o homem) a destruir e a auto-destruir-se... Alguém vai cobrar a factura por tanta insanidade, desequilíbrio e ostentação... O homem não é dono de merda nenhuma, nada mais é que pó...

Neste Inverno frio e rigoroso, o sol brilhando através das cortinas diáfanas e etéreas das nuvens, arrasta-me para o mundo das possibilidades... Quase acredito na sustentabilidade do planeta!... Vejo os putos a correr por entre a erva do recreio, em gargalhadas ou choros logo transformados em abraços e desculpas e... Quase acredito na ressurreição dos afectos!...
Olho os pombos em bando, sincronizando coreografias, escuto o sussurrar do vento nas agulhas do pinheiro manso e... Quase acredito que a vida podia ser uma sinfonia docemente bailada...
Cheiro as manchas amarelas das acácias em flor, prevejo a chegada da Primavera e... Quase acredito que só não muda quem é estúpido!...
Apetece-me chorar, porque vivo num país onde proliferam os estúpidos e, o mundo, sucumbe às lambidelas envenenadas da estupidez...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ainda sou do tempo, em que se poupava...

Eu ainda sou do tempo de muitas coisas negras e tortuosas, mas sou igualmente de um tempo em que muitas coisas funcionavam... Na era das Delegações Escolares, um delegado, o subdelegado e mais duas ou três pessoas, davam conta do trabalho exigido pelo Pré-Escolar e 1º Ciclo de todo o concelho... Um maior número de docentes e crianças, planeamentos, avaliações, progressão nas carreiras, toda a carga burocrática, passava por aquela meia dúzia de pessoas, com profissionalismo, competência, simpatia, disponibilidade...
Depois, porque interessou ao sistema político, acólitos e amigos do peito, vieram os agrupamentos, multiplicar a bandalheira, a massificação, burocratização, oportunismo, porque gozam de alguma autonomia e... Aumentaram as despesas com a educação...
Para mostrar ao mundo a mediocridade da literacia nacional, inventaram os Complementos de Formação (estupidez, digo eu) e, todos os docentes ficaram doutores, investindo nas próprias bolsas, adornados por conhecimentos supérfluos e estéreis, progredindo na carreira por artes mágicas (não tive conhecimento de chumbos) e... A despesa com a Educação disparou...
Armadilhado, chegou o novo modelo de Avaliação de Desempenho dos Docentes, refloresceu a rebaldaria, o caos, a injustiça, a competitividade desenfreada e... Novo alento nos gastos com a Educação...
Para exornar o cenário, por arrasto, veio a obrigatoriedade de formação (pseudo-formação), imposta, absurda, despropositada e... Mais um acréscimo nas despesas com a Educação!...
Um exemplo da formação néscia que escorre pelo país: em 2009, fiz formação em ciências, nada aprendi, mas cresceram-me vontades talibans... Dos três grupos, apenas dois, partilharam, planearam, implementaram, reflectiram, cumpriram prazos... O outro, reproduziu velha graxa, fomentou lanches com atoalhados e serviços V. A., não cumpriu os objectivos determinados e, a despachada do grupo fez o trabalho reflexivo em nome das outras (tenho o mail que me chegou por engano)... Tiveram as notas mais altas (tudo excelente!)... A formadora faria parte de alguma ONG?...
Milhões investidos na Educação nas últimas décadas, sem qualquer ganho na produtividade:
os alunos são matéria prima de refugo, o facilitismo veio camuflar o insucesso escolar, o abandono escolar é colmatado pelas fantásticas Novas Oportunidades, o mundo dos afectos agoniza e, os pais, demitiram-se e desresponsabilizaram-se da sua função educativa...
Isto é o resumo resumido, da má governação na área da qual faço parte, a Educação... Imagine-se isto multiplicado por todos os serviços a nível nacional!!... Um mar de lapas sugadoras, polvos oportunistas de tentáculos mortíferos, medusas assassinas, tubarões intocáveis... Neste pélago desgovernado, vai pagar o desgraçado do mexilhão, batido pelas ondas corruptas de encontro às rochas da impunidade...
Sou mexilhão, sem complemento de estupidez, demasiado honesta e integra para me vender... Vou tentar não esboroar a cabeça em lamentações e cultivar algumas gargalhadas, nem que sejam de viveiro...

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Se pudesse ratava o novo Acordo Ortográfico...



Uma língua deve ser viva e aberta, para não sucumbir à estagnação e afunilamento... Aceito actualizações, sou a favor dos estrangeirismos, adoro neologismos, mas... Uma língua mãe, não se deve subjugar a línguas filhas (no século XXI é normal os filhos mandarem nos pais)... Acho fantástico que milhões de pessoas no mundo falem português: Brasil, todos os países lusófonos, mas é português concebido, germinado e parido por diversidades e miscelâneas... O Português de Portugal é a árvore mãe, é sagrada!... Então, eu agora, vou dizer ao meu neto: ai que lindo bebê, que não fez cocô!... Raios me partam se vou usar tal acordo!?...
Amo a Língua Portuguesa de Camões, Pessoa, Saramago, Urbano, Miguéis... O dicionário é como uma florista, rodeada de ramos coloridos, em que cada palavra é sinónima de muitas, em pétalas e laços multicoloridos, vendidos ao balcão da diversidade, ao gosto de cada cliente... Palavras simples e airosas, elegantes e sofisticadas, ternurentas e sensuais, rebuscadas e apelativas, usuais e arcaicas...
Acho tão cômico!!!!....
O meu neto poder sofrer de uma amidalite, ter uma ótima dição, adotar um qualquer contracetivo, lavar-se num bidê e ser capaz de lecionar de uma forma excecional arimética... Até pode aprender e esmerar-se como corruto, num país de corrutos excecionais...
Atacam-me  borborigmos cerebrais e só me apetece andar de bacio ao colo para vomitar!...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Ano Novo... Novo Ano...



Para mensagem de Ano Novo e porque não estou em campanha eleitoral (mas já me filiei no RFP), vou usar as palavras de João Guimarães Rosa "Mire, veja: o mais importante e bonito do mundo é isto; que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior, é o que a vida me ensinou"...