quarta-feira, 20 de abril de 2011

HOMENS ABOMINÁVEIS...

Flores para trastes não existem... Talvez uns cardos ou cactos, mas não disponho de fotografias...

Neste mundo de cegos, existe um homem, para mim abominável!!... Quem me dera, surgir do entendimento e compreensão, uma mulher, forte e corajosa, com olhos de ver mundo, que lhe abrisse a garganta com uma tesoura (a mim falta-me a oportunidade e possibilidade de escapar impune)!... Nojento, predador, sabujo... Como o cego da pistola, o chefe da camarata inominável...
Lembra-me o meu ex marido: verborreia estéril e demagogia árida... De sofisma em sofisma, estrangulam, aniquilam, castram, atrofiam... Homens malvados, tortuosos, cegos de visão e entendimento...
Intelectualmente masturbam-se com frases feitas, floreadas, ocas, ejaculam prepotência, arrogância, egoísmo... Consultam o espelho, mas apenas se ouvem a si mesmos: "és o maior, único, fantástico!"...
O meu ex não passa de um mísero galito, que abre feridas aqui e acolá... O outro, o mais cego ainda, o que controla a camarata, é muito mais nefasto e perigoso, porque alastra a cegueira, contamina os corredores alheios, vitimizando inocentes, que em vão tentam escapar de tão horrenda cegueira... Difícil fugir desta concupiscência humana, social, política e até cultural!...
Mesmo de quarentena, a contaminação prolifera, convulsa, violenta, enrodilhando tudo e todos...
Homens de mentes inconsistentes e implausíveis!...
"Se podes olhar, vê. Se podes ver repara" - Livro dos Conselhos

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Saber esperar e segredos de juventude...



Relaxando na minha horta, olho as flores, divago e penso nas crianças... Uma das competências que devem adquirir: saber esperar!... Com o exemplo de quem?... É tudo para ontem, sem esperar, saborear, ansiar, imaginar, desejar... Existe um tempo (apesar da relatividade) para tudo: conceber, germinar, nascer, crescer, amadurecer...
Um amigo meu, um dia destes, falava com a filha que foi para Miami, fazer a tese de mestrado, através da Web Cam e, fez uma afirmação digna de análise: "filha com as novas tecnologias, nem chego a criar saudades, que é uma coisa tão portuguesa"...
Pois não!!... É bom ou mau?!... Honestamente, nem sei, mas ficou-me a afirmação a teclar os neurónios... Ensinamos aos meninos a importância de saber esperar, mas eles, constatam nos adultos, a ausência deste ensinamento.
A minha filha, por não saber esperar (ela não gosta deste comentário), viu-se obrigada a uma cesariana... Podia ter que ser, mas com um pouco mais de tempo, o meu neto podia talvez, ter nascido de parto natural!!... Para ela foi uma lição, porque perdeu as dores, mas igualmente o momento mágico do nascimento!...
Com a velhice, anseio cada vez menos e saboreio cada vez mais... Com intensidade, menos ansiedade (e ansiolíticos), a vida, apesar de todas as dores, pode ser mais colorida...

Não há muito tempo, numa das últimas reuniões de departamento, a Fernanda, disse que eu devia ceder o segredo da minha "juventude"!... Fiz uma lista:
Saber esperar - desde que nasci, que espero melhores dias, todos os dias...
Ausência de despeito/inveja - quando morrer, levo unicamente memórias e marcas no cérebro e no coração...
Honestidade/integridade - porquê e para quê enganar os outros e, menos ainda, a mim mesma?!...
Alegria/bom-humor - o riso e as gargalhadas são o melhor antídoto para as contrariedades, sofrimento, mazelas...
Partilha/solidariedade - se posso ajudar, aconchegar, afagar, porque não o fazer?...
Humildade/gratidão - grata por tudo (positivo e negativo) que a vida me tem oferecido (e eu escolhido); humilde, porque no Universo, mais não sou do que uma mísera nano-partícula...
Exercício físico/alma Avatar - a Natureza é Deus: inteligente, poderosa, misteriosa, magnânima, implacável...
Loucura, muita loucura/defeitos assumidos - segredos que partilho com as pessoas que habitam o salão principal do meu coração...
Amar - dizer/ mostrar diariamente aos outros, o quanto são importantes e decisivos na minha existência...
Coragem - olhar o espelho e ouvir "girassol, girassol, o que já foste e o que estás!...



segunda-feira, 4 de abril de 2011

Sou avó...



Ser avó é acordar com sol todos os dias, mesmo quando chove e o Inverno deprime...

Sou uma avó orgulhosa (como todas), do neto que a recebe de braços abertos, sorriso babado, andar vacilante, olhar confiante... Um neto que, com o 1º ano, iniciou o seu calendário de aniversários... Pelas reacções, considero que o M. gosta da avó louca, que se emborrachou no seu primeiro aniversário, soltou palavrões inofensivos, exorcizando fantasmas (a Joana, aquela puta querida), peidou-se involuntariamente (a Joana não a denunciou), gargalhou até a cerveja a tolher!...
Uma avó primitiva, selvagem, que adora Rock, nada sabe de dança, mas que deixa os pés e o corpo vaguearem por paisagens inventadas no ritmo e auto-descoberta...
Uma avó que se encaixa nos mais variados contextos, explora e goza o improviso, o inesperado, o desconhecido, a diversidade, a surpresa, como plataforma de inclusão/reflexão de todos os encontros e desencontros que povoaram a sua existência..
Uma avó que investe na espiritualidade e afectividade, em detrimento dos paradigmas obsoletos e estéreis que sufocam e castram a nossa sociedade...
Uma avó que pergunta:
A um velho, deixou de ser permitido fazer determinadas coisas, porque o corpo o limita, ou porque a sociedade não vê com bons olhos, certos comportamentos em idades avançadas (dança e sexo, por exemplo)?... Os idosos são renegados, porque não acompanham o desenvolvimento tecnológico desenfreado, ou porque valorizam princípios e normas fora de moda?...
Uma avó que acredita na verdade que prevalece, talvez: o medo de encarar a nossa finitude... Ser velho é ter a morte ali tão perto!...
Desenganem-se!... Ser velho é abrir a consciência do efémero vivido... É a certeza de travessias conseguidas, a presença materializada da incógnita da partida... Quando se nasce, é a morte que nos enlaça, só não sabemos , quando acontece o desenlace!...
Uma avó com duas idades (ser velho é isso): a do corpo e a da mente e, a certeza (uma fragilidade), de precisarmos sempre uns dos outros, para podermos ser nós, consciencializando a nossa individualidade...
Uma avó que ama o neto pequenino, o olha como uma paisagem desconhecida, mas fascinante, o aperta em frenesins canibais, o curte e espera como uma música envolvente...

Estou a perder juventude ou a ganhar idade?!...



Por muito singela e despretensiosa que seja uma flor, é divina...

Já espreita o dia 7 de Abril e mais um ano!... Continuo a perder juventude e a ganhar idade... 54 anos, são uma bela soma, abençoada pela Mãe Natureza!... Pelo que vejo e adivinho, estou muito bem, sem tratamentos de beleza enganadores e, igualmente, provisórios... Cada cabelo branco, cada ruga, é um marcador das muitas histórias de vida que fui construindo, partilhando, assistindo, representando... Inexorável e implacável o tempo passou, depositando marcas por todo o corpo: sinais, artroses, joanetes, calos, flacidez, dores diversas... Honestamente, não apresento muitas queixas, talvez, porque a alma se mantém jovem e louca, o coração aberto e apaixonado, o cérebro (apesar das falhas) ousado e interventivo... Encontro muitos jovens velhos e gastos, que me olham como excêntrica e despropositada!... Nunca obedeci a paradigmas, caminhei à margem de normas, usando linguagens incomuns... Continuo a juntar energia com sabedoria e a sobrevalorizar o mundo dos afectos e das coisas simples e despretensiosas... Aprendi a pensar a o envelhecimento como um investimento, experimentando sonhos frustrados e objectivos concretizados, transformando o passar do tempo em novas melodias, cadências, movimentos...
A beleza jovem extinguiu-se, mas ficou-me este olhar por mim e pelos outros, como se criança ainda fosse: curiosa, interessada, participativa, bem humorada, , receptiva... Olhos de ver o mundo, mãos de acariciar gargalhadas, boca de babar e sussurrar palavras divertidas, ouvidos atentos aos ecos da memória, nariz farejando a descoberta e a pele!... A pele sempre em sobressalto por uma carícia!!...
54 anos de medos e alegrias, aventuras e desventuras, histórias esquecidas e relembradas, segredos e badalações, lágrimas e sorrisos...
54 anos com muito por fazer!... Embalada pelo poema de Jorge Luís Borges, se viver até aos 85 anos, vou continuar a refinar e promover a minha diferença... Dói, mas vale a pena constatar que não abraçámos a mediocridade, por ser o caminho menos tortuoso e de mais fácil acesso...