segunda-feira, 4 de abril de 2011

Estou a perder juventude ou a ganhar idade?!...



Por muito singela e despretensiosa que seja uma flor, é divina...

Já espreita o dia 7 de Abril e mais um ano!... Continuo a perder juventude e a ganhar idade... 54 anos, são uma bela soma, abençoada pela Mãe Natureza!... Pelo que vejo e adivinho, estou muito bem, sem tratamentos de beleza enganadores e, igualmente, provisórios... Cada cabelo branco, cada ruga, é um marcador das muitas histórias de vida que fui construindo, partilhando, assistindo, representando... Inexorável e implacável o tempo passou, depositando marcas por todo o corpo: sinais, artroses, joanetes, calos, flacidez, dores diversas... Honestamente, não apresento muitas queixas, talvez, porque a alma se mantém jovem e louca, o coração aberto e apaixonado, o cérebro (apesar das falhas) ousado e interventivo... Encontro muitos jovens velhos e gastos, que me olham como excêntrica e despropositada!... Nunca obedeci a paradigmas, caminhei à margem de normas, usando linguagens incomuns... Continuo a juntar energia com sabedoria e a sobrevalorizar o mundo dos afectos e das coisas simples e despretensiosas... Aprendi a pensar a o envelhecimento como um investimento, experimentando sonhos frustrados e objectivos concretizados, transformando o passar do tempo em novas melodias, cadências, movimentos...
A beleza jovem extinguiu-se, mas ficou-me este olhar por mim e pelos outros, como se criança ainda fosse: curiosa, interessada, participativa, bem humorada, , receptiva... Olhos de ver o mundo, mãos de acariciar gargalhadas, boca de babar e sussurrar palavras divertidas, ouvidos atentos aos ecos da memória, nariz farejando a descoberta e a pele!... A pele sempre em sobressalto por uma carícia!!...
54 anos de medos e alegrias, aventuras e desventuras, histórias esquecidas e relembradas, segredos e badalações, lágrimas e sorrisos...
54 anos com muito por fazer!... Embalada pelo poema de Jorge Luís Borges, se viver até aos 85 anos, vou continuar a refinar e promover a minha diferença... Dói, mas vale a pena constatar que não abraçámos a mediocridade, por ser o caminho menos tortuoso e de mais fácil acesso...

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